terça-feira, 4 de maio de 2010

DIA DA MÃE - 2 DE MAIO






MINHA MÃE !


Minha mãe ! Minha mãe! ai que saudade imensa
do tempo em que ajoelhava, orando, ao pé de ti !
Caía mansa a noite, e andorinhas aos pares
cruzavam-se voando em torno dos seus lares,
suspensos no beiral da casa onde eu nasci !
Era a hora em que já sobre o feno das eiras
dormia quieto e manso o impávido lebreu;
Vinham-nos da montanha as canções das ceifeiras,
e a lua branca, além, por entre as oliveiras,
como a alma de um justo, ia em triunfo ao céu ! ...
E, mãos postas, ao pé do altar do teu regaço,
vendo a lua a subir, muda, alumiando o espaço,
eu balbuciava a minha infantil oração,
pedindo ao Deus, que está no azul do firmamento,
que mandasse um alívio a cada sofrimento,
que mandasse uma estrela a cada escuridão.


Guerra Junqueiro